terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Princípios

Introdução 1:
Nina.
Era uma vez uma menina, Catarina era o seu nome. Filha única em meio a quatro meninos, a mais nova também. Pais protestantes e fazendeiros, família simples e honesta. Retrato típico da classe média rural. Mas para Catarina, Nina –para os íntimos- aquilo sempre fora insuficiente. Desde pequena sonhava com o glamour que via nos filmes clássicos de Hollywood, queria ser uma Marylin Monroe, uma Audrey Hepburn.
A família, é claro, mostrava-se contrária aos anseios de luxo da pequena Nina, tão pequenina, que aos nove anos já queria usar maquiagem, salto e diamantes (falsos, de plástico, é bem verdade). A bíblia prega uma vida de desapego material e simplicidade, acima de tudo modéstia e humildade.
Mas o tempo foi passando, e Nina foi virando uma moça, não mais uma criança. Aos quinze já parecia uma mulher: cabelos longos e pesados pretos, olhos esverdeados, curvas perfeitas, e uma curiosidade inacreditável. Era uma sede do mundo que lhe fora proibido durante a infância, cercada pela proteção de quatro irmãos mais velhos. Sendo assim, tornou-se uma mentirosa de primeira, para que pudesse viver um pouquinho além das missas dominicais, o trabalho na fazenda e o colégio.
Nesse mesmo ano, o de seu décimo quinto aniversário, conheceu um tipo, como era mesmo o seu nome?Bem, o nome ficou perdido no esquecimento da memória, no fundo tampouco importava. Voltando ao tipo, nesse caso vamos apelidá-lo de Tom. Talvez fosse esse mesmo o nome, talvez não. Tom era universitário, vinte e um anos, loiro, um pouco magricela, com um aspecto junky. Mas ainda assim, tinha algo de muito interessante nele: o álcool, os cigarros, e as drogas. E sim, o eventual sexo que ocorreria logo em breve.
Conheceram-se casualmente, quando Nina andava pelas proximidades do bosque onde os estudantes da cidade costumavam acampar durante o festival de música que acontecia aos arredores da pequena cidade de Sommerset, no sul da gloriosa e chuvosa Inglaterra, God Save the Queen. Ele fumava um baseado e tomava uma garrafa de Guiness, e pelo seu sotaque deveria ser um irlandês. Sem nem um pouco de timidez, ela senta-se ao seu lado. Trocam algumas poucas palavras, fumam uns baseados, e bem, acabam transando. A primeira vez dela. Não que ele se preocupasse muito com isso. O que era para ser apenas uma caminhada pelos campos, como havia dito a seus pais, transformou-se num fim de semana de abusos e descobertas, sexuais e sensoriais: lsd, maconha e cocaína.
Não é preciso dizer que a família de Nina, os Bakers, para simplificar, enlouqueceu quando encontrou sua filhinha em trajes sumários bêbada, drogada e acabada às margens do rio, deitada na grama fumando cigarros. O pai a puxou pelo braço, e deu-lhe uma surra memorável, sua mãe chorava e berrava, e seus irmãos a tratavam pelo “carinhoso” apelido de vadia. Depois de algumas horas desse tratamento de choque Nina encontrava-se roxa e encolhida na cama, sangue escorrendo de suas narinas e boca.
Alguns dias depois disso, ela fez as malas, e na calada da noite fugiu para Londres, com algumas libras no bolso, e uns cigarros que conseguira guardar e esconder de seus pais.
A vida na cidade não se mostrou simples para aquela pobre menina de quinze anos. Precisava sustentar a si mesma, a agora a seu mais novo vício em cocaína e heroína. Mas Nina era uma garota bonita, e há sempre ocupações para garotas bonitas e viciadas. Só é preciso estar disposta a descer um pouco de nível.
Essa é a história de Nina. Até então.

Um comentário:

Vítor Nery disse...

comentei essa primeiro pq já li
uma boa descrição e uma personagem digamos... fascinante