sábado, 4 de outubro de 2008

Hoje tem Nave!!!

É véspera de eleição, ok. Mas nave é de lei.
Hoje à noite, a partir das 23h, na boomerangue, rua da paciência, rio vermelho, na gloriosa cidade de são salvador..o preço???15 contos , sem consumaçao mínima, oras...é pra ir

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Baile Esquema Novo, ou Baile do Amor

Pessoas, pessoas, amadas pessoas:
esse sábado, 17/05/2008, rola o Baile Esquema Novo, na Boomerangue, a partir das 23h.
O tema não podia ser melhor: o amor.
Apareçam pra sacudir os esqueletos e para amar...seja lá o que for :)

quarta-feira, 7 de maio de 2008








Pessoas,esse sábado dia 10/05/2008, tem a NAVE, a festa mais cool da nossa querida soterópolis.E não é uma Nave qualquer, é a Nave 3 ANOS.

NAVE: Indie - Glam - Punk - Electro - Rock & Roll


ONDE: BOOMERANGUE (Rua da Paciência, no Rio Vremelho)


QUANDO:10/05/08, às 23h


QUANTO:R$ 15,00 (SEM CONSUMAÇÃO MÍNIMA OBRIGATÓRIA)


CLASSIFICAÇÃO:18 ANOS

okay, é isso, apareçam :)


A Nave é pano de fundo para várias coisas legais que acontecem com pessoas legais, porque, afinal, é uma festa muuuito legal.




Vinte e seis de janeiro de dois mil e oito. Animação para a noite, seria a primeira Nave do ano, a primeira após uma dolorosa ausência causada por pressões pré-vestibulandas etc e tal.


Eram aproximadamente 23:30h (mas bem que podia ser 12:51),quando vi um cara, e não era a primeira vez que eu o via, não, já havia notado sua existência em outras Naves, shows, Colégio Central na prova de segunda fase da UFBa e algumas horas antes, no Jazz. Algo nele me chamou atenção, mas isso já estava de forma explicitmente implícita. Tempos depois, os Beatles cantariam esse momento em "I've just seen a face"(I've just seen a face I can't forget the time and place where we've just met), mas isso seria adiantar fatos, e não façamos isso, voltemos à Nave e à sua música.


Tocava "You can't stand me now", e todos executavam seus passinhos desengonçados e batiam palmas (especialmente na parte "If you wanna try, if you wanna try, there's no worse you could do, oh oh oh"), inclusive ele, que me pareceu a quintessência do dançarino da Nave. Comecei a pensar "Marccela, vai lá falar com ele. Não, não vá. Vá. Não vá" e fiquei nesse vai, não vai por toda a música. Mas eis que os astros, os planetas alinhados, as asas das borboletas conspiraram ( e quando isso acontece não é bom contrariar) e "Someday" foi a música na sequencia, o que me dava uma deixa, afinal ele me lembrava terrivelmente Julian Casablancas. Tinha agora pelo menos algo para ir falar com ele, dá um mínimo contexto a toda aquela situação, só para não ficar muito out of the blue.


-Oi, você é a cara do Casablancas, mas todo mundo te diz isso né?Tudo bem?Qual teu nome?


(Verborréia=Nervosismo)


-É, todo mundo fala...-risada sem graça.


A conversa começou, fluiu e deu samba, ou melhor, indie, já que aconteceu na Nave.




quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Capítulo 2
West End 270.
Nina ia no banco de trás, cheirava pó do banco de couro daquele jaguar. George estava tomando um comprimido um speed poderosíssimo feito por Dan, suficiente para deixar alguém ligado por dias. Chegaram ao local, um teatro abandonado, uma coisa enorme. A música altíssima, da melhor qualidade, os dj’s mais caros e conceituados da noite londrina se reuniam naquela festa. Uma festa para o underground milionário, todos aqueles endinheirados de colégio interno, universidades, mansões em Chelsea, Buckinghamshire, cujos pais promoviam caças à raposa e chás para angariar fundos para a cruz vermelha. Mas como qualquer festa, havia o sexo, as drogas (a cada ano que se passa há mais e mais delas, tipos nomes, siglas)e a diversão sem limites, mas drogas e sexo fazem parte dela então acho que ocorreu uma pequena redundância. Que seja.
George já havia estado em algumas festas daquele tipo, mas tudo aquilo era muito desconhecido para Nina, aquela Londres glamourosa e sombria era fascinante, assustadora, inclusive. Dan estava em casa, aquele eram seus conhecidos, seu mundo, suas garotas. Todos se animaram quando o viram, afinal ele tinha as melhores drogas, tinham um sabor caseiro, como a comida da vovó, mas muito melhor. Um ácido puro, speeds violentos, ele sabia fazer como ninguém. Não vendia nada que não fabricasse, se alguém quisesse coke ou erva, tinha de recorrer a outro. Afinal, o ramo do comércio de narcóticos está se especializando e subdividindo: smart drugs, erva, cocaína e heroína (algo assim anos 90), ache sua linha e siga feliz.
Uma garota negra, alta, magérrima, black power veio na direção deles. Tinha toda a pose de uma modelo profissional, mas o rosto jovem, não devia passar dos dezesseis. Seu andar era lento, elegante, como de uma pantera. Lábios finos e olhos mel, seu nome era Clöe Mortensen, filha da ex-modelo sudanesa Eli Zaduc e do mega empresário dinamarquês Simon Mortensen. Uma ex-namorada, ou melhor, one nigh stand de Daniel.
-Hey, Dan. Tem algo de bom hoje?
-Não para crianças, Clo...
-Não pareci tão crianças quando transamos no meu quarto aquela tarde, não é?
-Ora, Clo...o que voce quer?
-Ecstasy. Ouvi dizer que o que voce tem é fantástico. E bem, é the love drug, e Johnny Kingsley está aqui hoje, e bem, um pouco de sexo não seria ruim, depois de você todos os caras me vêem como a “garota do Dan”, e sejamos sinceros, aquilo foi só sexo casual, e eu não pretendo ficar rotulada e intocada porque transei com você, nem foi tão bom assim.
-Nossa, Clo! Aqui, com esse voce vai transar como uma louca por horas, confie em mim. ₤70,00.
-Não vai me apresentar seus novos amigos, Danny?Oi, meu nome é Clöe Mortensen.
-Nina Baker.
-George Klaxon.
-Momento, eu conheço você George, da festa de Julie, lembra? Você trouxe um pó incrível.
-Claro, e você desmaiou no banheiro, não foi?
-Nem me lembre disso!Quer me acompanhar até o bar, beber alguma coisa?
-Agora mesmo. Nina, Dan, vejo vocês daqui a pouco.
George Klaxon fizera mais uma presa. Em menos de uma hora, ele e Clöe estariam atracados no banheiro. Ao que parecem esse era um trio constante: George, Clo e o banheiro. O que se passou naquele cubículo, bem nada demais. O que se passa com o sexo oposto em uma cabine?De qualquer forma, miss Mortensen era uma conquistadora inveterada. Na verdade esse era seu vicio, seu consumo de drogas era meramente recreativo, suas conquistas, entretanto, para uma menina de dezessete anos, eram memoráveis.
Enquanto isso Nina e Dan conversavam, sentados em um enorme sofá púrpura no lounge. Não tinham nada em comum, ela viera de família protestante do campo, ele um menino podre de rico numa casa liberal. Ainda assim, ela tinha em comum com ele a insaciável curiosidade, sede de uma vida repleta de excitações. E isso o atraía como nenhuma outra coisa em nenhuma outra mulher que já tivera, e foram tantas. Ela podia vestir-se vulgar, usar aquela maquiagem barata, mas ali havia grande potencial, estava evidente para quem quisesse ver. Ele queria.
-Nina, sua vida é tão...como devo dizer...
-Repleta de merda?Eu sei;
-Não!acho fascinante, cada dia seu é cheio de surpresas, sabe?Eu sei exatamente como meus dias, minha vida, vão ser: faculdade, estudar e pronto. Quando estiver formado, terei minha clinica, e no futuro administrarei uma herança milionária e os negócios lucrativos da família. Nada diferente do que meu pai fez, e o meu avô antes disso.
-Olha Dan, odeio estragar sua ilusão da vida emocionante nas ruas, mas não é tão fantástica quanto voce pensa. Envolve lidar com gente estranha, dormir em lugares desagradáveis, eu tenho vinte e dois anos sabe, não era assim que eu queria minha vida, mas acabou se desenvolvendo assim, de qualquer forma não vou ficar aqui me lamentando, não adianta nada mesmo.
-É, você tem razão. Vamo’ dançar?
-Tá. Mas antes preciso usar the ladies room.
Sendo assim, Nina cruzou o lounge de ponta a ponta em direção ao sanitário feminino. Sentou-se na cabine, e retirou da bolsa sua seringa, o pacotinho de heroína, a colher e um isqueiro. Cozinhou sua dose e injetou veia adentro. Fumou um cigarro e ficou sentada no chão com o cotovelo apoiado no vaso. Seus pensamentos iam e viam em sua cabeça, como um filme. Algumas horas atrás, estava no parque bebendo cerveja e fumando cigarros e agora estava numa festa inacreditável no lado rico da cidade, ela, que sempre sonhara com glamour e acabara como uma prostituta barata, transando em hotéis de quinta, finalmente estava aproveitando um pouco do mundo que desejara tão ardentemente em seus devaneios juvenis. Era incrível, ainda era tão jovem, mas já se sentia tão velha. Via todas aquelas pessoas endinheiradas, com seus 17, 20 anos, aproveitando ao máximo, como se não houvesse amanhã, despreocupadas, uma tranqüilidade que jamais tivera. “ah, foda-se, que adianta ficar me lamentando? Algumas pessoas simplesmente não têm tanta sorte, mas parece que agora o jogo está mudando. Espero, pois não agüento mais trepar por um pico”. Hora de levantar.
Andou em direção ao bar, onde logo avistou Dan. Eles seguiram para o dancefloor, ao som de um pulsante drum’n’bass. Aproximavam-se cada vez mais um do outro, dançavam loucamente. Em alguns momentos fitavam-se simultaneamente nos olhos, ela desviava, mas ele buscava aquele contato mais do que tudo, era como se naqueles olhos vivesse uma inocência que ele desejava tocar. Uma inocência paradoxal, pois aquela mulher já fizera e vira de tudo. Talvez fosse sua curiosidade que mantivesse essa inocência, tão infantil. A curiosidade é marca maior de uma criança. Talvez essa fosse a chave da juventude eterna, ser curioso até romper qualquer limite. E limites não eram uma coisa com a qual Nina, tampouco Dan, se entendia.
George acabara de gozar. Aquela garotinha Mortensen era incrível, incansável. Era para ser só uma rapidinha no banheiro, pelo amor de Deus, e acabou virando uma hora e meia de sexo barulhento confiado nas estreitas paredes do sanitário femino, mas Clöe era uma mocinha bem flexível, justiça seja feita. “Garotas ricas fodem muito” pensou. Era verdade, todavia, já tivera a oportunidade de dormir ou pelo menos, transar, com algumas menininhas da alta sociedade londrina, e nenhuma o decepcionou, ela tinham algo a mais; aquela aparência bem cuidada, tão limpas, escondiam verdadeiras mulheres experientes, so fucking dirty. Clo estava procurando sua calcinha naquele cubículo, se esbarrando nas quintas a cada movimento.
-Você foi ótimo, George. Aqui está meu telefone, vê se me liga, ok?-disse estendendo um cartão - Mas agora tenho coisas a fazer, tratar de algo com Johnny Kingsley, ele tem uma irmã, Dora, ela vai estar lá em casa amanhã. Aparece, Chelsea, 350, Mortensen Mannor. Vai ser divertido.-antes que ele pudesse falar qualquer coisa ela dera as costas e saiu, sumindo na multidão.
Ele sai logo após, indo se encontrar com Dan e Nina. Ele percebe que entre os dois está rolando um momento, algo quase romântico. Sente um ciúme estranho, e resolve quebrar aquele clima. Normalmente jamais atravessaria um amigo, ou conhecido, mas aquele sentimento não era normal, era uma coisa nova, desconhecida, algo como afeto. Dançaram os três, e beberam, e cheiraram, e engoliram, a noite toda, sem parar. Mas até essas crianças da noite, eventualmente, têm de voltar para casa, e sendo assim, às 5:45 da manhã já acabados, os três novos amigos seguiram para o carro, abandonando a festa, que ainda estava a pleno vapor.
-Dan, quer que eu dirija?
-Acho uma boa, Georgie. Pra onde vamos?
-Pra minha casa –disse Nina.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Princípios

Introdução 1:
Nina.
Era uma vez uma menina, Catarina era o seu nome. Filha única em meio a quatro meninos, a mais nova também. Pais protestantes e fazendeiros, família simples e honesta. Retrato típico da classe média rural. Mas para Catarina, Nina –para os íntimos- aquilo sempre fora insuficiente. Desde pequena sonhava com o glamour que via nos filmes clássicos de Hollywood, queria ser uma Marylin Monroe, uma Audrey Hepburn.
A família, é claro, mostrava-se contrária aos anseios de luxo da pequena Nina, tão pequenina, que aos nove anos já queria usar maquiagem, salto e diamantes (falsos, de plástico, é bem verdade). A bíblia prega uma vida de desapego material e simplicidade, acima de tudo modéstia e humildade.
Mas o tempo foi passando, e Nina foi virando uma moça, não mais uma criança. Aos quinze já parecia uma mulher: cabelos longos e pesados pretos, olhos esverdeados, curvas perfeitas, e uma curiosidade inacreditável. Era uma sede do mundo que lhe fora proibido durante a infância, cercada pela proteção de quatro irmãos mais velhos. Sendo assim, tornou-se uma mentirosa de primeira, para que pudesse viver um pouquinho além das missas dominicais, o trabalho na fazenda e o colégio.
Nesse mesmo ano, o de seu décimo quinto aniversário, conheceu um tipo, como era mesmo o seu nome?Bem, o nome ficou perdido no esquecimento da memória, no fundo tampouco importava. Voltando ao tipo, nesse caso vamos apelidá-lo de Tom. Talvez fosse esse mesmo o nome, talvez não. Tom era universitário, vinte e um anos, loiro, um pouco magricela, com um aspecto junky. Mas ainda assim, tinha algo de muito interessante nele: o álcool, os cigarros, e as drogas. E sim, o eventual sexo que ocorreria logo em breve.
Conheceram-se casualmente, quando Nina andava pelas proximidades do bosque onde os estudantes da cidade costumavam acampar durante o festival de música que acontecia aos arredores da pequena cidade de Sommerset, no sul da gloriosa e chuvosa Inglaterra, God Save the Queen. Ele fumava um baseado e tomava uma garrafa de Guiness, e pelo seu sotaque deveria ser um irlandês. Sem nem um pouco de timidez, ela senta-se ao seu lado. Trocam algumas poucas palavras, fumam uns baseados, e bem, acabam transando. A primeira vez dela. Não que ele se preocupasse muito com isso. O que era para ser apenas uma caminhada pelos campos, como havia dito a seus pais, transformou-se num fim de semana de abusos e descobertas, sexuais e sensoriais: lsd, maconha e cocaína.
Não é preciso dizer que a família de Nina, os Bakers, para simplificar, enlouqueceu quando encontrou sua filhinha em trajes sumários bêbada, drogada e acabada às margens do rio, deitada na grama fumando cigarros. O pai a puxou pelo braço, e deu-lhe uma surra memorável, sua mãe chorava e berrava, e seus irmãos a tratavam pelo “carinhoso” apelido de vadia. Depois de algumas horas desse tratamento de choque Nina encontrava-se roxa e encolhida na cama, sangue escorrendo de suas narinas e boca.
Alguns dias depois disso, ela fez as malas, e na calada da noite fugiu para Londres, com algumas libras no bolso, e uns cigarros que conseguira guardar e esconder de seus pais.
A vida na cidade não se mostrou simples para aquela pobre menina de quinze anos. Precisava sustentar a si mesma, a agora a seu mais novo vício em cocaína e heroína. Mas Nina era uma garota bonita, e há sempre ocupações para garotas bonitas e viciadas. Só é preciso estar disposta a descer um pouco de nível.
Essa é a história de Nina. Até então.
Introdução 2:
Dan
Era uma alegria para os Birminghams o nascimento do seu primeiro filho após tantas tentativas frustradas. Um herdeiro se fazia necessário para toda aquela fortuna e tradição familiar, e sendo um menino, que maravilha então. Bochechudo, ruivo, olhos grandes, saudável. Aquela família agora tinha tudo: prestígio, dinheiro interminável, e agora uma criança. Meredith, a mãe, jamais sentira-se tão feliz, Patrick, pai, jamais sentira-se tão orgulhos, Daniel, o bebê, ele jamais sentira-se, veja bem, coisa alguma, estava neste mundo estranho há menos de cinco minutos.
O tempo foi passando, e Dan cresceu e tornou-se um belíssimo rapaz. Um aluno brilhante, atleta de destaque, um astro na renomada Ethan’s College. Crescera numa mansão enorme no caríssimo metro quadrado de Chelsea, filho único em meio a uma fortuna de milhões de libras, pais devotados a ele, uma criação de mimos, honestamente. Não houve uma única coisa que Daniel Birgmingham deseja-se que ele não tivesse conseguido.
Mas se tinha uma coisa que o jovem Dan adorava além de si mesmo, é claro, pessoa mais vaidosa jamais habitou essa Terra, eram as festas, as garotas, e as drogas...
Ah, como a diversão lhe caía bem. Todo fim de semana algo novo. Nos verões Ibiza era o destino. Vivendo em Londres, com o sobrenome que carregava, as opções eram intermináveis, era quase um problema para ele escolher o que fazer para seu prazer e lazer.
Concluiu a escola brilhantemente, e foi aceito na conceituada King’s College no curso de medicina e bioquímica. E os químicos, a química, tudo isso o agradava, tornou-se um expert em fabricar seus próprios baratos, limpos e puros. Um pouco de agitação para quebrar aquela rotina tão segura e esperada.

Essa é a história de Dan (a vida dos ricos é tão monótona e linear, não é mesmo?Tudo tão simples, tudo tão fácil) até esse momento.
Introdução 3:
George
-Georgie, vá trazer meu almoço!
Mais uma vez o grito habitual para o pequeno George Klaxon, um pobre garoto da classe média proletária londrina, que morava com a mãe, uma desempregada e full time bêbada em uma workhouse, na zona Leste de Londres. Desde pequeno ele, e sua irmã mais velha Leslie, viviam nessas condições: comprando comida e cigarros para sua mãe, e os inúmeros namorados que ela arrumava por semana. Aliás a única coisa que ela tinha dificuldades para achar era um emprego.
George era um menino lindo, charmoso, impossível não se derreter por ele: um sorriso enorme, olhos azuis e cabelos loiros lisos, o típico menino britânico. Seu sotaque era um pouco cockney, mas ninguém é perfeito. Era um aluno medíocre, mas seu sucesso na escola eram as meninas. Ah, as meninas se desesperam pelo pequeno Klaxon, ele podia dizer que ao chegar ao fim do colegial não havia uma menina do primeiro ao terceiro ano do St. John’s School (bonita, é obvio, afinal, ele tinha de se valorizar) com a qual ele não tivesse dormido.
Mas não só de garotas vivia George, não, um homem de verdade precisa de ambição, dinheiro, essas coisas. Era muito amigo de Julian, o namorado de Leslie, um vagabundo da pior espécie: vendia e repassava drogas, objetos roubados, armas, e todo tipo de negócio obscuro que se pudesse imaginar. Alguns diziam que era o próprio cafetão de sua irmã mais nova, Patrícia, mas havia muita especulação nessa cena, nem tudo era muito confiável. Mas a vida de Julian e seus detalhes não são o principal aqui.
Essa amizade o apresentou para esse mundo do underground, uma coisa assi meio suja, meio obtusa, mas onde a perspectiva de ganhar algum fácil era tentadora. Tornado-se um pequeno “revendedor” George conheceu a alta classe londrina, e conseguiu umas meninas nessa parte da cidade. Fez seus contatos, e finalmente encontrou um emprego numa loja caríssima de vinhos em Picadilly. Sendo assim, se mandou do minúsculo apartamento da workhouse e alugou um quarto numa casa de uma indiana em Harrow, no fim de Londres.
È claro que seus negócios de drogas e outros artefatos continuavam rolando, afinal, sua vontade não era mais de sobreviver, era de ficar rico, vivera com muito pouco toda vida, estava cansado, era hora de relaxar.
Essa é a história de George. Mas não pára aqui.
Capítulo 1:
O principio do fim.
Era uma tarde de verão, devia ser umas cinco horas, estava quente e úmido. O sol ainda estava alto, e uma brisa suave soprava. Que idílico. Quem conseguiria imaginar que sob um cenário tão delicado uma coisa, uma trama tão suja começaria a se formar?
Nina estava sentada no gramado do St. James Park, com seu visual puta do crack no verão: sandálias brancas de salto, uma saia floral curta e um top lilás, decotadíssimo. Era uma sexta-feira, graças a Deus, fora uma semana daquelas. Parecia que todos os clientes estranhos haviam marcado hora com ela de vez. Pessoas muito, digamos, peculiares. E ela já havia encontrado muitos tipos pouco usuais nesses sete anos de profissão. De qualquer forma negociara com seu cafetão que precisava de uma tarde de folga, mas na verdade queria ver se conseguia um cliente off the record, uma coisa mais autônoma com uma divisão de lucro mais igualitária. Nunca lhe pareceu justo que ela trepasse com os caras, gastasse em média 700 calorias por vez, e faturasse apenas 48,98% do preço. No way.
Não muito longe, ladeira acima, nos arredores do Piccadily Circus, George entrava num Pub, seu expediente na Wine’s havia terminado, e após um longo dia vendendo vinhos pela “bagatela” de ₤250,00 a garrafa para os ricaços da cidade estava na hora de desfrutar um pouco dos prazeres etílicos. Ao seu lado estava um rapaz que já havia visto em algum lugar, mas não conseguia se lembrar de imediato. Pediu uma Stella Artois, e acendeu um cigarro. O cara parecia reconhecê-lo, mas assim como ele, não sabia precisar de onde.
Dan estava sentado no Empire Pub em Piccadily desde ás quatro da tarde, iniciando a bebedeira do fim de semana. Gostava que as primeiras pints da sexta fossem assim: num pub, sozinho, saboreando cada molécula do álcool, composto orgânico com uma hidroxila ligada a um carbono saturado, ah, seus pensamentos químicos! Tudo estava normal, as pessoas chegando aos poucos, após uma longa semana de trabalho, buscando relaxar, jogar sinuca, ouvir um bom indie rock’n’roll, beber uns drinks, conversar, como sempre faziam. Nada fora do normal, até que um rapaz loiro sentou-se na esquina do balcão, praticamente ao seu lado. Alguma coisa chamara sua atenção, um rosto conhecido, um sotaque cockney.
Não puderam deixar de notar que já haviam terminado suas bebidas, num impulso simultâneo chamam o barman.
-Marty! –disse Dan –Uma Heineken, por favor. E você, cara, vai querer algo?
-Outra Stella, Marty. Eu conheço você, não é?
-Tive a mesma impressão. Daniel, Daniel Birmingham.
-George Klaxon. Deixa eu ver…você conhece Julie Worth?
-É claro, você é o namorado de Julie, minha prima. Great fuck, han?
-Não, não sou namorado dela, mas devo concordar com você! Sabia, foi numa festa na casa da Jul...
-Nossa, que mundo pequeno. Bem, vai rolar uma festa bem interessante no West End, num velho teatro, uma coisa assim meio underground, acho que você vai curtir. Quer ir?
-Claro. Antes eu tava querendo ir ao St. Jame’s, aproveitar um pouco do sol, e da grama, se é que você me entende?
-Você tem alguma?
-Suficiente pra dois, tá afim?
-Agora mesmo. Vou pagar, deixa comigo.
Os dois desceram para o parque como velhos amigos.Sentaram-se perto do rio, sob a sombra de uma árvore, tentando evitar os casais de aposentados e famílias com crianças que alimentavam os gansos e patos. Afinal o cheiro de maconha seria sentido, e não queria alarde, só curtir seu próprio barato, em paz, se isso não fosse pedir muito. Perto deles estava uma menina linda, com uma aparência um pouco barata, é verdade, mas sob aquela maquiagem e roupas vulgares se notava uma beleza pura, quase infantil, limpa, algo que não se vê todo dia. Notaram isso logo de imediato, e guardaram para si próprios.
Acenderam o baseado, ficaram conversando sobre a vida, sobre o nada, até que Dan sentiu uma mão tocar-lhe o ombro. Era ela, e ela sorria, e tinha um sorriso lindo.
-Oi, posso me sentar com vocês? Tenho umas cervejas na bolsa. –ela disse, e sua voz era doce, parecia ter gosto, naquele momento Daniel Birmingham sentiu algo indescritível. Infelizmente, George Klaxon também, que jeito de começar uma amizade, rivais.
-Claro, você quer fumar conosco também?-perguntou George.
-Pra já. Nossa, há tempos que não fumava um desses...é hidropônica, não é?
-Expert, você. Então, qual seu nome? Eu sou Daniel, e ele é o George.
-Catarina, mas todos me chamam de Nina. O que vocês fazem da vida?
-Eu sou vendedor de vinhos na Wine’s, e só. Tenho 22 anos, ainda tenho tempo para fazer algo, contanto que eu acabe rico.
-Estudo medicina, e gasto o dinheiro de minha família. Festas contam também?
-É Dan, aos poucos começo e perceber que você tem a vida que eu quero.-fala George, rindo. Nina ria, e de certa forma esperava que não perguntassem qual era seu emprego, embora soubesse que com suas roupas não seria difícil presumir. –E você, Nina?
-Bem...dá pra ver, né? Eu sou acompanhante profissional. –disse numa pompa sarcástica, consertando a postura, elevando sua lata de cerveja. Se sua situação não é a melhor possível, ria dela, não dá pra ficar muito pior, tampouco melhorias nesse caso são difíceis.
-Ok. Nina, ta afim de uma festa hoje?- Daniel pergunta para quebrar o gelo, e mudar de assunto.
-Vamos, que horas, onde?
-West End, 270, meia-noite. Mas vocês vão comigo, eu dirijo.
-Ok, mas eu preciso me trocar antes, eu estive na rua o dia todo, bebendo cervejas, e o sol, e o calor...
-Sem problemas Nina, a gente leva você em casa antes, né Dan?
-Claro, quer ir agora, ainda é cedo, mas podemos comer algo no caminho.
-Certo.